quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Especial mês das crianças: Não deixe morrer a criança dentro de você


Vamos falar de infância e a magia que essa fase carrega.
Quem nunca sonhou em congelar no tempo ou então reviver aquele instante gostoso? 
Pensar naquele fim de tarde em um domingo ensolarado, deitada na rede olhando o telhado do quintal de casa, contando quantas fileiras de telhas tinham aquele teto. Faz tantos anos não tenho sequer o trabalho de deitar sossegada balançar na rede (aliás, nem existe mais rede) e olhar pela janela, aquela nuvem tão cheia de si, ganhava vida e florescia no meu mundo da imaginação.

Ou então aquele início de noite de verão, um mormaço gostoso que invadia aquele quintal com tantas histórias para contar, eu pegava então um cabo de vassoura solto, a altura era perfeita até o meu queixo, então eu soltava a voz, fingia ser uma super star, em minha performance cantava tão feliz como se minha vida dependesse daquilo, junto dela vinham as coreografias, com minha irmã tudo era tão mais divertido, a gente revezava entre uma música e outra, até atribuir a melhor nota.

Tinham as tardes frias na loja da vó, aquele chocolate quente feito pelo vô, que sentado na banqueta contava suas melhores histórias, vovó também ensinava a rezar e dava conselhos para estudar bastante e dar orgulho para meu pai que tava trabalhando e chegava tarde em casa. Enquanto eu brincava com minha irmã, ele fazia comida, deixava tudo prontinho, gostoso pra quando a fome batia.

As férias eram divertidas, nos parques com as primas, os jogos com os primos, a piscina na laje com a minha irmã, os colegas de rua da casa da outra vó, com o "cara" do ovo que passava no fim da tarde de sábado anunciando seus 18 ovos por apenas 3 reais. Felicidade são momentos bons com quem nos fazem bem.

Lembro também daquele verão gostoso que aprendi a nadar, e apesar de ter aulas para isso, um dos fatos que não sai da minha mente é quando minha mãe era sócia do Sesi e levava eu e minha irmã com as carteirinhas, passávamos a tarde juntas, era tão gostoso, que lembrar dessas experiências me faz reviver como se estivesse nelas.

São tantas lembranças que daria para escrever um livro, lembranças boas e ruins, mas as ruins não precisam ser lembradas, a gente fecha em uma caixinha e coloca em um voo sem volta para nunca mais incomodar, enquanto os momentos felizes a gente guarda na memória para serem resgatados quando bater a nostalgia, e perceber o quanto sua vida valeu a pena, onde nos mais simples momentos da vida, é que encontramos o paraíso da felicidade, nosso ponto de paz.

O tempo passa tão depressa que envelhecemos e ninguém vê. Antes eu era aquela pequenininha curiosa que gostava de correr e achava que não ia crescer. De fato, de altura eu não cresci mesmo, mas não vem ao caso (risos). Infelizmente a vida cobra, a gente envelhece e precisamos construir nossas vidas como gente adulta, mas sem perder a essência, porque não tem nada mais vivo que o encanto de um olhar sonhador de uma inocente criança.

Não deixe a magia acabar. - Leticia Rós

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